Família para quem precisa
Maria Bernadete
Foram exatos 9 meses no Cadastro Nacional de Adoção, de muita inquietude, ansiedade e claro, porque não, insegurança. Eu e meu ex-marido tínhamos escolhido um perfil de criança de até 4 anos, poderia ter doença crônica ou deficiência, independente de cor e sexo. Enfim, esperávamos por uma criança do jeito que Deus achasse que deveria vir, assim como em
uma gestação não dá pra escolher a cor dos olhos, a cor do cabelo, se a criança vai ter deficiência, doença crônica ou não. Apenas esperávamos…
Até que Maria Bernadete cruzou nosso caminho. Era uma criança de 1 ano e 9 meses que não falava e tinha uma deficiência: uma displasia no quadril direito. A partir daquele momento pouco me importava suas limitações. O que eu já sabia era que eu a amava visceralmente, que ela não havia nascido de mim, mas que havia nascido especialmente para mim e que eu
havia nascido para ser a mãe que ela a tanto tempo esperava.
A deficiência que assombrou 3 outros casais que se negaram a adotá-la pela sua condição física, fazia com que eu tivesse a certeza de que ela precisava de mim e de muito amor e muito cuidado. Estava ali na minha frente um ser tão pequeno, já vítima de um preconceito tão grande. Mas para mim ela era a personificação do Amor.
No começo não foi fácil, exames e mais exames, cuidados e mais cuidados e o mais importante, amor e mais amor. Esse foi o segredo: amá-la incondicionalmente. O resultado foi que em 3 meses em nosso convívio familiar ela já falava e corria para todo lado, como se o mundo daquele momento para trás nunca houvesse existido.
Hoje, Maria Bernadete (a minha Bel) está com 7 anos de idade, linda por dentro e por fora, espertíssima, levando a vida como a de qualquer criança, claro que às vezes com desafios maiores. Mostrando com sua notável inteligência para a parte preconceituosa da sociedade que ela é perfeita do jeito que é, afinal ninguém é igual a ninguém, ainda bem!!!!
Renata